...
A folha que cai
do livro da vida
é tempo que vai
foi luta perdida
Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
A folha que cai
do livro da vida
é tempo que vai
foi luta perdida
Naquelas águas-furtadas
memórias estão gravadas
da descoberta de amar,
carícias, beijos desajeitados
vergonha, rostos rosados
juventude a despertar;
Sem malícia ou maldade
sonhar a realidade
vivendo-a com sofreguidão,
respirando ansiedade
transpirando mocidade
dentro do peito um vulcão;
E passados tantos anos
de acertos e enganos
lembrei-me de ti em flor,
um sorriso apareceu
afinal quem esqueceu
o seu primeiro amor?
Malik
Andava meio cismado
por ver-te entediada,
nada fiz de errado
nunca saí do teu lado
mas senti-te melindrada;
Mudanças súbitas de humor
mostravam insegurança,
o teu olhar perdeu fulgor
fugias do nosso amor
ser feliz era lembrança;
Sentados a conversar
sobre nós e sem queixume,
acabei por constatar
o que nos estava a assombrar
era só o teu ciúme;
Será possível amar
verdadeiramente sem ciúme?
Depois de te abraçar,
sem nada para perdoar,
reacendemos o lume.
Malik
Lá fora, o frio magoa.
Viajo no nevoeiro
que paira sobre a lagoa
deixando-me ficar olhando
pela vidraça
como que saboreando
memórias numa barcaça
que se estão afundando.
Tempo que vem
que nos trouxe sorriso
e momentos no paraíso,
tempo que passa
e o sonho despedaça
o grito amordaça
e continua passando.
Cá dentro, o frio magoa.
Malik
A criança corria
o mundo fugia
debaixo dos pés,
ia crescendo
na onda do tempo
ao sabor das marés;
Oferecia magia
criava alegria
risos eram mil,
seu olhar brilhava
enquanto brincava
no parque infantil;
Cantava
saltava e dançava
inocência sem dor,
qual flor delicada
nascida e criada
em ninho de amor;
Mundo de cor
estrela calor
arco-íris no ar,
rosa sem espinho
ternura e carinho
a desabrochar;
Pétalas encarnadas
talvez encantadas
por fada de luz,
ventos de harmonia
de noite e de dia
ainda sem cruz;
Da tranquila idade
para a mocidade
sem poder escolher,
aquela criança
depois da bonança
será uma mulher;
Tanta felicidade
lembrará mais tarde
no livro da vida,
da infância pura
ingénua e segura
já não permitida;
Falará de saudade
e da liberdade
de que usufruiu,
nostalgia dum tempo
tão simples e lento
que ontem partiu.
Malik
Semeei sonhos nas minhas noites
para afastar os pesadelos,
fantasmas que me davam açoites
ou me afagavam os cabelos;
Nunca soube se lá estavas
como actriz ou figurante,
todas essas madrugadas
são agora águas passadas
em estado delirante;
Despertar num mar de medo
transpirado em terror,
vivendo isto em segredo
como se fosse um bruxedo
mesmo feito por amor;
Só que amar não é isso
posse não é permitido,
está para além do proibido
pois amar só tem sentido
se nada há de submisso;
Hoje a tranquilidade me invade
colho da sementeira
sonhos de liberdade
sem ciúme, sem tempestade
e durmo a noite inteira.
Malik
Ventos
de outros tempos
trouxeram-nos até aqui.
Agora,
deitado a teu lado
fico acordado
alinhavando o sonho,
arrumando o passado.
Agora,
ventos deste tempo
sopram-me ao ouvido
vivam o momento
esqueçam o tempo
do vento antigo.
O vento que chega
o vento que fala
não é de ninguém
e felizmente
ninguém o cala.
Malik
Não mais há momento
para abraço frio
distância ou desvio
de sonhos escondidos
perdidos no tempo.
Procuro e não tenho
esboço ou desenho
isento de ironia,
sem qualquer sedução
chamo a solidão
para companhia.
Ilusões de memória
não fazem história
do que não se passou,
mas ainda assim
falando por mim
ganhou quem amou.
Malik
No labirinto de amar
sempre iremos encontrar
as ratoeiras da vida,
lágrimas irão rolar
sonhos desmoronar
felicidade despida;
Contos de fadas só em livros
ou em filmes coloridos
na tela de um cinema,
mas temos momentos vividos
com verdadeiros sentidos
já escrevemos um poema;
Quando a tormenta passar
abre as janelas de par em par
e deixa a porta encostada,
as nuvens vão-se afastar
a luz do sol vai entrar,
se eu chegar não digas nada;
Conversa comigo em silêncio,
perdoa-nos com um olhar
e deixa o nosso amor falar.
Malik
Um céu estrelado, a luz do luar
convida a procura de alguém para amar,
descalça na areia, calçada na dor
na praia da vida, deserta de amor;
Coração dorido, cupido ausente
sonhos sem sentido, olhar indiferente,
gestos vazios, mente a divagar
passo titubeante, lágrimas a brotar;
E eis senão quando do fundo do mar
emerge uma imagem que a fica a mirar,
um anjo talvez, intervenção divina
ondas de emoções e de adrenalina;
Pensamentos trocados num raio de luz
rasgando as sombras que a tristeza produz,
mensagem de fé, esperança a renascer
um novo amanhã, amar sem sofrer;
Desfez-se a visão, ficou o momento
tão belo, tão mágico, de paz e alento,
agradeceu ao céu aquele carinho
pediu protecção para todo o caminho;
Acordou a sorrir, no olhar um brilho vivo
tivesse mais sonhos assim e escreveria um livro,
sentou-se na beira da cama e nem queria acreditar
tinha à cabeceira uma... estrela do mar.
Malik
62 seguidores
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.